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terça-feira, abril 27, 2004

O Parvo a Aparvalhar

Mais uma história exclusiva para este blog. A seguir à "quintologia" da Assassina Rouca, darei início a uma série de 9 Contos Parvos só e únicamente dedicado a vós, caros leitores. O Cajó morreu na semana passada, logo só tenho cinco pessoas a verem isto. Mas, com certeza, são os cinco leitores mais bem humorados do País. Se nunca viram este blog e é a primeira vez que cá estão, fechem a "janela" e não contem a ninguém que por cá "passaram", podem ser descriminados! Se por acaso não têm medo da descriminação e querem experimentar coisas novas, bem vindos ao meu blog!

1º Conto Parvo - O Velho dos Burros


Por volta do século XIV, havia uma aldeia situada entre Bragança e Faro denominada por Travancinha de São Tomé. A aldeia era bastante pequena e os mercadores e vendedores não tinham por hábito passar por lá. Porém, sempre teve uma bela vegetação e paisagens "de cortar a respiração". Esta aldeia era também um bom ponto para se efectuar comércio, pois fazia-se todos os anos uma feira enorme no centro da aldeia. Nessa feira centenas de comerciantes, vindos dos arredores, reuniam-se e vendiam ali quase tanto como o que vendíam num ano inteiro. Muitos deles enriqueceram e construíram castelos só para si, como por exemplo aquele situado em Linhares da Banha. O único verdadeiro defeito de Tranvacinha de São Tomé era o escasseamento de florestas e, consequentemente, a sua paisagem ser árida e não provocar interesse a ninguém.

Nessa feira quem menos lucrava era o comerciante de jumentos, o velho Gestrudes. Gestrudes, quando era novo, vendia possantes cavalos, mas com o passar dos anos, passou a vender jumentos, pensando que lucraria mais. Erro crasso, pois empobreceu, endividando-se como o homem da mercearia, o qual lhe vendia ração para os seus animais. Mas Gestrudes não tinha ido à falência pois tinha um belo "pé de meia", dinheiro guardado na sua juventude, enquanto vendia rigorosos javalis. Gestrudes podia ser um homem remediado, mas podia orgulhar-se de dizer que não devia nada a ninguém.

Ía ele á caça de jumentos na mata, quando observa uma placa em madeira com umas iscrições. Gestrudes não sabendo ler tentou adivinhar o que nela dizia. Por sorte estava um leproso a passar pela mata naquele momento. Gestrudes chama-o e pede-lhe para que ele leia a placa. O "Lepras" diz: "Gambosinos a norte, unicórnios a oeste, javalis a este, aranhas-camelo a nordeste e jumentos a noroeste". Então Gestrudes reconheceu a voz do "Lepras". Era um antigo colega dele do secundário! Gestrudes teria o abraçado, mas teve de atirar umas pedras por o "Lepras" ter se aproximado demais.

O nosso velho herói prosseguiu para sudoeste para caçar uns jumentos. Durante o caminho Gestrudes encontrou um velho, mas só que este era muito mais velho, apesar de aparentar ser mais novo, mas nao tao novo como Gestrudes, apesar de este também ser velho, isto é, Gestrudes devia ter uns 76 anos, o outro devia ter à volta de 200, mas este último parecia ter uns 80. Ou então era ao contrário... Já não me lembro... Prossigam e caguem nesta parte!

Prosseguindo, o nosso velho herói, mas não tão velho como o homem que encontrou no caminho (ou vice versa), dirige-se à estranha personagem perguntando as horas. O outro responde: "Tu deves 'tar parvo, pá! Como queiras que eu saiba as horas? Os relógios ainda não foram inventados, "máne"!". Gestrudes olhou com cara de repúdio para aquele patife que inventara uma desculpa só para não lhe dizer as horas. Gestrudes, não se contendo cospe no chão, como sinal de nojo. O outro indivíduo repete o gesto, com o mesmo objectivo. Gestrudes ainda mais enfurecido vai mais longe e cospe na cara do adversário. O velho-mais-velho-mas-que-aparenta-ser-mais-novo-apesar-de-parecer-ter-mais-idade-que-o-nosso-herói "passa-se" e repete o gesto. Gestrudes desvia-se, graças à sua ligeireza adquirida nos tempos em que vendia touros, tendo-se treinado com eles, aguçando uma técnica de luta infalível. O outro "cota" enerva-se por completo e saca de uma adaga de lâmina preta e cabo rosa choque. "Muito "fashion" a tua faca!" - diz Gestrudes irónicamente para o "cota-mais-cota-mas-não-tão-cota-mesmo-assim-sendo-mais-cota". De seguida o mesmo tenta apunhalar o nosso herói, mas inutilmente, pois este esquiva-se mais uma vez. Surpreendentemente, Gestrudes saca da arma da mão do adversário e espeta-a directamente no coração deste.

Gestrudes, em seguida, reza a deus por lhe ter concedido esta vitória. Depois de ter acabado de orar, segue o seu caminho. Anda cerca de meia hora até que avista um jumento mágico. Este jumento dizia-lhe, encantadoramente: "Aproxima-te, ancião". O nosso herói, pensando que iría enriquecer de vez graças à venda do jumento falante, ao aproximar-se leva um coice do animal, voando cerca de 3 metros e indo de encontro a um ramo. E assim morreu Gestrudes, empalado num ramo graças a um burro falante. Mais tarde, esse mesmo animal foi para a Transvestânia e começou a ser chamado de Vláde o Empala-através-de-coices-inesperados-mor (sendo diminuído mais tarde, devido a transformações fonéticas, para "Empalador").

Moral da história: Não ler a próxima pois será uma perda de tempo!

Ass.: O Parvo (aka Stupid Son of Sam)


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