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quinta-feira, setembro 02, 2004

5º Conto Parvo - Yarkirado Tomartanins Parte 2: A Maçã

Yarkirado, depois da primeira mensagem, começou a fazer o que melhor sabia, dar coro através de sms's. Fez-se amigo dela e soube que ela se chamava de Kate, que em português significa Maçã (a rapariguinha também costumava ser chamada de Caixa, talvez por caber lá muita coisa dentro). O nosso jovem herói decidiu então marcar encontro com a menina dos seus olhos no Inter. Aproveitou e foi com o primo, pois este tinha de tomar o seu café diário no bar do Inter. Lá dentro averiguou que a empregada que o iria atender era a Berita.
- Porra! Tinha logo de me calhar esta antipática! Bah! Vou ser frio a falar com ela! - disse para consigo.
- Boa tarde. O que deseja? - disse Berita, no seu modo distante e despachado, para o primo de Yarkirado.
- Um café e um bolo. - responde ele, ainda mais secamente.
- Que bolo?
- Aquele...
- Qual?
- Aquele ali.
- Mas qual?
- Aquele!
- Mas...
- AQUELE, JÁ!
- Qual, o meu?
O primo de Yarkirado fica impressionado pelo rumo da conversa, mas apercebendo-se que a antipática da Berita queria violação, não se fez de rogado e continuou:
- Sim! O teu! Despacha-te!
- Ah, 'pera, vou só pedir à MJ um preservativo.
- A MJ? Chama-a a ela também, rápido! Ela que traga outro que eu a despacho a seguir a ti!
- Ok, ok.
Enquanto o seu primo foi se divertir para a casa de banho com duas empregadas do Inter, Yarkirado esperava ansiosamente pela gótica. Uma mensagem por telemóvel veio informá-lo que ela não poderia vir, pois encontrava-se de férias no Al-Entejo (uma província japonesa com influências árabes e pseudo-marroquinas). Yarkirado teve então de esperar cerca de um mês para finalmente ver a sua musa. Novamente através de um sms, soube que Kate iria regressar e sair numa noite com as amigas para o cemitério ao pé do Coiso, um tal cemitério onde crianças tinham por hábito brincar (com o que não deviam). Yarkirado ignorou o medo que tinha a cemitérios e comprou umas vestimentas dignas de um gótico, cheio de acessórios como braçadeiras com picos de metal, coleira, fio com um pentagrama e um ceptro de plástico, tipo o dos Dimmu.
Vestir aquilo até que era fácil, a não ser quando passava por sítios onde havia "homens das obras", os quais o ofendiam chamando-o de gay, paneleiro, "merlin meizon" e satânico, mas, de facto, o mais difícil foi estar cerca de uma hora no cemitério à espera de Kate. As campas tornavam-se abominantes de noite, o mínimo barulho que ouvia assustava-o terrificamente. "Meu deus, e se os mortos se lembram de levantar e festejar o Yorkshire? Brrr! Arrepio-me todo só de pensar nisso!" - pensava Yarkirado.
Uma mão pesada caiu-lhe sobre o ombro direito e Yarkirado não conteve um grito de pavor. Quando se volta para ver o que o atacava, pôde averiguar que não era nenhum zombie fedorento com umas "havaianas" calçadas, mas sim a bela Kate.
- Que foi? Assustaste-te? - perguntou Kate, na sua voz meiga e sensual.
- N-nada. S-só gritei porque 'tou feliz de alegria de te ver n-novamente... - disse o nosso jovem herói, ainda com a voz trémula do susto.
- De certeza? Não será medo?
- Medo de quê? De estar aqui? Nah... Eu adoro cemitérios! Acho-os acolhedores, inspirativos e tal.
- Ok, nesse caso vamos ter com as minhas amigas.
- 'Bora! Onde é que elas estão?
- Estão ali a desenterrar uma defunta para tu praticares necrofilia.
- Ah?
- Queremos ver-te em acção. Aposto que com esse aspecto não te deve escapar uma morta!
- Err... 'Tás a reinar, não 'tás?
- Claro que não. Chegámos!
Yarkirado, surpreendido e enojado observa duas góticas a retirarem de uma cova os restos mortais de uma mulher. Não se conseguindo conter, vomita quando uma das amiguinhas de Kate se lembra de começar fazer "lesbiquices" com a defunta.
- Então, o que tens? - perguntou a "Caixa", mostrando-se preocupada.
- Blerrghh! Comi nabos na púcara. Acho que o jantar me caiu mal... - mente Yarkirado.
- Os nabos são indigestos?
- Nem por isso. Os púcaros é que são um bocado mais pesados. Devem me ter feito mal.
- Ah...
- Olha, lembrei-me que tenho de ir à farmácia comprar Aspégique para a minha cota.
- Que chatice. Tinhas de ir logo agora que as coisas iam animar...
- Pois, realmente... Mas não te preocupes! Depois a gente combina outra coisa qualquer. Fica bem!
E dito isto, o nosso herói foge que nem um desalmado daquele maldito cemitério. No entanto, não desistiu de Kate.

Moral da história: Foi divulgada na Parte 1.

P.S.: O diálogo entre a Berita e o primo de Yarkirado foi inventado pelo Rui Oliveira.

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